David Bowie
Continua
a repercutir pelo mundo a morte do músico, compositor, cantor e ator inglês David Bowie. Além de sua inegável
contribuição musical, há também a sua contribuição cinematográfica. David Bowie, desde o início de sua
carreira, sempre flertou com o cinema. Para se ter uma ideia, a sua primeira
canção de sucesso, Space Oddity, foi
composta após o então jovem músico sair completamente hipnotizado de uma sessão
do clássico da ficção científica 2001,
Uma Odisséia no Espaço, do diretor Stanley
Kubrick (O Iluminado).
Fizemos
aqui uma pequena seleção de filmes – a maioria feita na década de 1980, o auge
da sua carreira no cinema - deste já saudoso artista ambíguo, polêmico e genial
chamado David Bowie.
O
Homem Que Caiu na Terra (1976)
Ao
contrário do que muitos pensam esta não foi a estreia de David Bowie no cinema (ele já havia feito pontas e pequenas
participações tanto em filmes para o cinema quanto para a TV), mas foi o
primeiro filme em que apareceu como astro. Com os cabelos ruivos no estilo Ziggy Stardust (personagem de um de seus
discos), Bowie faz o papel de um extraterrestre que vem à Terra para levar a
água daqui para salvar o seu próprio planeta.
O
filme é baseado no romance de mesmo nome do escritor estadunidense Walter Tevis (1928-1984), tem a direção
do diretor inglês Nicolas Roeg (A Convenção das Bruxas), foi indicado ao
prêmio Urso de Ouro (melhor filme) do Festival
de Berlim e deu a Bowie o prêmio de Melhor Ator no Saturn Awards (o Oscar dos filmes de ficção científica, fantasia e
terror). Teve um remake feito para a televisão em 1987, mas sem o mesmo
sucesso.
Veja
o trailer de O Homem Que Caiu na Terra (original
em inglês):
Apenas
Um Gigolô (1978)
David Bowie foi
o astro desta superprodução alemã (o filme mais caro feito na Alemanha até
então) dirigida pelo ator inglês David
Hemmings (Blow Up – Depois Daquele
Beijo). Bowie faz o papel de um soldado prussiano que, ao retornar para a
Alemanha ao final da 1ª Guerra Mundial, encontra o país em uma terrível crise
econômica e política, com os nazistas se tornando cada vez mais influentes. Não
conseguindo emprego em lugar algum, torna-se um gigolô em um bordel dirigido
por uma cafetina.
Além de aparecer ao lado de beldades como as
estadunidenses Kim Novak (Um Corpo que Cai) e Sydne Rome (Que?) e da
grande atriz austríaca Maria Shell (A Ponte da Esperança), David Bowie ainda teve o privilégio de
atuar com a Diva e lenda do cinema mundial, a alemã Marlene Dietrich (O Anjo Azul)
em seu último filme.
Nem
a crítica nem Bowie – que compôs para o filme a canção Revolutionary Song – gostaram muito do resultado final, mas a
produção acabou adquirindo um certo status Cult.
Veja
aqui um vídeo com cenas de Apenas Um
Gigolô, com a interpretação da canção-título por Marlene Dietrich
(original em inglês):
Furyo
– Em Nome da Honra (1983)
Este
filme dirigido pelo japonês Nagisa
Oshima (O Império dos Sentidos) é
baseado nos livros de memórias do militar Laurens
van der Post e conta a história do Major britânico Jack Celliers – vivido
por Bowie – durante a 2ª Guerra Mundial quando foi capturado pelo exército
japonês e enviado a um campo de prisioneiros. Lá, conhece o Coronel John
Lawrence (vivido por Tom Conti, de Amor e Boemia), um inglês que viveu no
Japão antes da guerra e fala japonês fluentemente. Porém, a chegada de Celliers
causa uma estranha perturbação no comandante do campo, Capitão Yonoi (o músico
nipônico Ryuichi Sakamoto, também
autor da trilha sonora).
Furyo – Em Nome da
Honra foi
indicado para a Palma de Ouro do Festival
de Cannes, conquistou os principais prêmios de cinema do Japão, além do BAFTA (o Oscar britânico) de Melhor
Trilha Sonora para Sakamoto, e o prêmio de Melhor Ator para Conti do National Board of Review. É também considerado
por muitos fãs e críticos como o melhor trabalho de David Bowie no cinema.
Veja
o trailer de Furyo – Em Nome da Honra (original
em inglês):
Jazzin’
For Blue Jean (1984)
Filme
de curta-metragem ou vídeo clip de longa duração? Essa é a pergunta que
críticos, público e fãs de David Bowie fazem
até hoje a respeito de Jazzin’ For Blue
Jean. Com direção de Julien Temple
(O Lixo e a Fúria), o filme (ou
vídeo) conta a história do desajeitado pregador de cartazes Vic, que se
apaixona por uma linda garota e, para conquistá-la, decide levá-la ao show de
Screamin’ Lord Byron, um cantor de sucesso.
Com
Bowie fazendo dois papéis simultâneos e mostrando tino para a comédia, ainda há
a interpretação de sua canção de grande sucesso, Blue Jean. Esta produção conquistou, em 1985, o Prêmio Grammy de Melhor Vídeo Musical.
Veja
aqui, na íntegra, Jazzin’ For Blue Jean
(original em inglês):
Um
Romance Muito Perigoso (1985)
Ed
Okin (Jeff Goldblum, de Parque dos Dinossauros) sofre de insônia
e, quando descobre que sua esposa o trai, começa a perambular pela cidade à
noite e encontra a bela ladra Diana (Michelle
Pfeiffer, de Ligações Perigosas),
que foge de terroristas iranianos e do assassino britânico Colin Morris, vivido
por David Bowie (que aparece com um
raro bigode).
Nesta
comédia policial dirigida por John
Landis (Trocando as Bolas) e com
pontas de vários famosos como a atriz grega Irene Papas (Z) e o
diretor Jonathan Demme (O Silêncio dos Inocentes), Bowie é um
coadjuvante de luxo com uma participação curta, mas hilária. O filme recebeu o
Prêmio Especial do Júri no Festival de
Filmes Policiais de Cognac (França).
Veja
o trailer de Um Romance Muito Perigoso (original
em inglês):
Absolute
Begginers (1986)
David Bowie e
Julien Temple renovaram sua parceria
para fazer este musical britânico que recebeu grande cobertura da imprensa na
época. Baseado no romance do escritor inglês Colin MacInnes (1914-1976), o filme se passa em 1958, durante os
primeiros anos do Rock ‘n’ Roll, e conta a história do jovem fotógrafo Colin (Eddie O’Connel, de Sexy Beast), que se apaixona pela modelo iniciante Crepe Suzette (Patsy Kensit, de Máquina Mortífera 2) em uma época de tensões raciais na Inglaterra.
Ambos são manipulados pelo ganancioso empresário Vendice Partners, feito por
Bowie, que também foi o autor e intérprete da música-título de grande sucesso.
Ao
ser lançado, Absolute Begginers recebeu críticas mornas e foi um
fracasso de público, mas, nos últimos anos, o filme tem sido revisto e vem
sendo considerado um precursor de filmes musicais como Moulin Rouge – Amor em Vermelho (2001).
Veja
o trailer de Absolute Begginers
(original em inglês):
Publicado no Observatório do Cinema em 13/01/2016.
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